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Entrevista com a SOMAGUE (Março 2004)
 

Para além de ser uma das associadas desta Câmara de Comércio desde, praticamente, a 1ª hora, é também o exemplo de uma parceria de sucesso entre portugueses e caboverdeanos nascida de uma visão estratégica que antecipou, em vários anos, o potencial de um País, que embora pequeno, oferece interessantes oportunidades de negócio. O Engº Paulo Assunção, que nos últimos anos foi responsável pelos projectos da SOMAGUE em Cabo Verde, conta-nos o trajecto desta parceria com a empresa CVC.

PORTAL PORTUGAL CABO VERDE: Quando é que a SOMAGUE olhou para Cabo Verde como uma opção de investimento?
SOMAGUE: A opção Cabo Verde começou a tomar forma com a perspectiva de criação de uma democracia estável, com potencial de desenvolvimento da capacidade dos operadores nacionais na área da Construção Civil e Obras Públicas, garantindo ao mesmo tempo uma presença permanente da SOMAGUE em Cabo Verde e a possibilidade de servir de plataforma para outros mercados da Costa Ocidental como a Guiné Bissau, onde aliás desenvolvemos actividade.

O número de obras executadas permite-vos considerar que a aposta foi ganha?

O Estado tem sido o maior cliente da CVC, com todas as vantagens e inconvenientes que uma tal dependência acarreta. Ao longo destes anos foram-nos adjudicadas diversas obras das quais se destacam os Portos do Maio e da Boavista, o Sistema de Adução e Distribuição de Água em Porto Novo (Santo Antão), as centrais eléctricas do Palmarejo (Santiago) e da Palmeira (Sal), a Reabilitação do Estádio da Várzea (Praia-Santiago), os edifícios da Bolsa e da Banco Inter-Atlântico (da Caixa Geral de Depósitos) na Praia e o novo "hall" do Aeroporto Amílcar Cabral no Sal, a 2ª fase do Saneamento da Cidade da Praia e Tarrafal, o Alargamento do Porto de Pesca do Mindelo e da Praia e a Remodelação do Estádio da Várzea onde, curiosamente, será instalado o sistema de iluminação que pertencia ao antigo Estádio das Antas. Mais recentemente e com o dinamismo que se nota no sector privado, terminamos a infraestruturação da Cidadela, e iniciámos a construção dos blocos de apartamentos "Ondas do Mar" e "Miramar", para o Grupo Tecnicil, ambos na Cidade da Praia. No sector hoteleiro interviemos no "Crioula Hotel" e "Hotel Odjo d`Água".

Têm naturalmente algumas obras em curso?
Temos algumas obras em curso como a Reabilitação da Estrada São Domingos/Assomada (Santiago), de grande importância, a nova Ponte dos Orgãos (Santiago), o Riu Hotel Funaná (Sal) e as Instalações e Torre de Controle da ATS (Sal).

Olhando para o potencial de desenvolvimento de Cabo Verde, no sector onde se inserem, continuam a adivinhar-se boas perspectivas?

Adivinha-se em Cabo Verde um grande salto qualitativo. As opções de fundo no sector do Turismo estão a ser tomadas o que resultará não apenas em novos projectos hoteleiros mas também em serviços derivados como a saúde, abastecimento de água, transportes, recolha e tratamento de resíduos sólidos e líquidos, etc. Cabo Verde tem enormes potencialidades para ser tornar um destino turístico porque, para além das suas belezas naturais, tem uma "morabeza" muito própria e está a apenas três horas e meia da Europa. No entanto, Cabo Verde chegou a um estádio de desenvolvimento em que os projectos para que se possam concretizar com alguma celeridade e sem grande peso para o orçamento do Estado deverão resultar, a meu ver, de parcerias público-privadas. Há dinheiro disponível e há know-how para isso.

Quais os principais constrangimentos que apontaria na vossa actividade?
O facto de se tratar de um país de poucos recursos faz com que a maioria destas obras sejam financiadas por instituições internacionais com orçamentos quase sempre desajustados da realidade caboverdeana e preços não revisíveis, o que deixa pouco espaço de manobra. Esta situação leva a que seja muito difícil executar as obras nos prazos contratualmente estipulados. Tudo isto porque a grande maioria dos materiais e equipamentos têm que ser importados, o que leva a que todo o planeamento de aquisições deva ser feito com grande antecedência, o que é difícil. Não é possível determinar o tempo de transporte e desalfandegamento. Em algumas ilhas há dificuldade em encontrar técnicos especializados em determinadas áreas, o que obriga à deslocação de quadros, com um aumento significativo dos custos de mão de obra. No entanto realço a boa gestão caboverdeana e a qualidade dos seus quadros.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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