As culturas (hortícola, frutícola)
A agricultura caboverdeana é essencialmente baseada no cultivo de sequeiro que ocupa uma superfície 37.828 ha de exploração basicamente familiar, de subsistência, com uma superfície média de 1,19 ha, com pouca variedade, dedicada essencialmente à produção de milho (colheita anual aleatória cobrindo apenas 10% das necessidades de consumo), cultura hoje não estratégica para Cabo Verde, feijão (em conjunto somando 95% das terras cultivadas), raízes e tubérculos.
A superfície irrigada ronda os 3.783 ha (2012) sendo 3.285 ha em regime permanente com uma crescente adopção do sistema de rega “gota-a-gota” (1.311 ha), técnica mais vantajosa do que a tradicional rega por alagamento, imprópria para países com escassez de água, e ganhos visíveis no aumento da produção e produtividade. A superfície média das explorações é de 0,5 ha. Nesta cultura, dedicada a hortofrutícolas diversificados –tomate (18.200 ton), alface, cenoura (6.800 ton.), pimentão, pepino e cebola (7.200 ton.), raízes e tubérculos (21.671 ton. de mandioca e batata comum), estima-se uma produção total de 57.430 ton. em 2012 (42.908 ton. de 2007 a 2010).
As projecções elaboradas apontam a produção hortícola como responsável por 25% do consumo interno e uma das mais rentáveis dentro do sector, originando postos de trabalho em outros subsectores e uma longa cadeia de negócio de venda, revenda, transportes, armazenagem e comercialização de factores de produção.
Para o futuro, o governo, na sua acção, preconiza uma incidência nas culturas hortofrutícolas (num total de 19 variedades já cultivadas em diferentes épocas do ano) elegendo-as como as mais competitivas.
Cabo Verde apresenta excelentes condições de clima e solo para a produção de frutas tropicais a par da produção de frutas de climas temperados, devido à existência de zonas microclimáticas em certas regiões. Com uma produção actual estimada em 15.950 ton. de frutas -banana: 68%; papaia e manga (sazonal): 27% e ainda uva, abundante na ilha do Fogo, ananás, morango, melancia, maçã, romã, marmelo, melancia, pêssego e pêra que se evidenciam pela excelente qualidade e rendimento. O reconhecimento deste potencial por parte do governo conduziu ao incentivo da construção e reabilitação de viveiros, a nível nacional, permitindo o aparecimento de pomares um pouco por todas as ilhas e uma crescente utilização de plantas fruteiras de qualidade.
A importância que a fruticultura vem assumindo em Cabo Verde torna agora imprescindível atender à modernização do sistema de produção e capacitar os agricultores em métodos e procedimentos de colheita e pós-colheita por forma a padronizar a qualidade da fruta e dotá-los de tecnologia de conservação, e eventualmente, de transformação para optimização da comercialização.
Apesar da fruticultura ter já provado o seu rendimento é ainda um constrangimento o elevado custo inicial da instalação de pomares. Talvez por isso mesmo e pelo facto de implicar um ciclo produtivo mais longo do que os hortícolas acaba por não ser entendida como uma actividade exclusiva e de rendimento. Não se encontram por isso extensões exclusivas de pomar, com dedicação adequada, mas antes culturas partilhadas com culturas hortícolas.
Vendidas essencialmente a peso, sem calibragem ou qualquer outro tipo de selecção prévia e raramente embalada, existe um potencial de mercado para frutas tratadas, calibradas e embaladas de modo a satisfazer um mercado de exigência superior.
Indicadores no Agronegócio
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2010
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2011
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2013
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até 2016*
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Produção hortícola
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42.443 ton
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47.368 ton
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57.430 ton
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42.1749 ton
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Produção raízes/tubérculos
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11.259 ton
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19.937 ton
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21.671 ton
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20.160 ton
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Frutícolas
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10.363 ton
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15.190 ton
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15.950 ton
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Estufas/Hidroponia
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40.000 m2
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70.000 m2
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Centros processamento
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1
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3
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10
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*metas já ultrapassadas |