O que se adivinhava há algum tempo acabou por se confirmar. O ano de 2006 foi fértil na apresentação de projectos que mudarão para sempre a face de Cabo Verde. Para o bem ou para o mal o arquipélago entra agora na rota de grandes investidores internacionais de empreendimentos turístico-habitacionais e deverá tornar-se, nos próximos anos, um dos destinos mundiais de maior crescimento.
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Vila Verde Resort
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A dinâmica é de tal ordem que apenas no mês de Novembro foram lançadas as “primeiras pedras” de 4 empreendimentos turísticos de envergadura envolvendo um valor total próximo dos 600 milhões de euros. A saber, correndo o risco de não ser exaustivo:
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“Vila Verde Resort” (clique para aceder a informação sobre o empreendimento) na ilha do Sal, do Grupo TECNICIL, a maior promotora imobiliária de Cabo Verde (130 milhões de euros financiados pelo BANCO ESPIRITO SANTO), construído pelas portuguesas ARMANDO CUNHA, na 1ª fase (infraestruturas), e pelos consórcios Edifer/Hagen/Opca, e Sopol/Marpe Cabo Verde/Marpe, na 2ª fase (estruturas e paredes);
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"Vilas Oceânicas-Ponta Bicuda” (200 milhões de euros) construindo perto de 1.000 habitações em 70 hectares, na Baía da Praia (Santiago), numa associação entre a empresa portuguesa Design Resorts e a caboverdeana Editur;
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"Paradise Beach" (130 milhões de euros) junto à Praia do Algodoeiro (Sal), por capitais irlandeses da Cape Verde Development e construído pela caboverdeana SGL e pela portuguesa Sopol. Implantado numa área de 28 hectares erguer-se-ão 950 habitações, entre residências de luxo e apartamentos e um hotel de 5 estrelas. Estará concluído em Setembro de 2009 criando 350 a 400 empregos directos e 1.200 indirectos;
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“Baía das Gatas Resort”, na ilha de São Vicente, parceria entre a caboverdeana Baía Investments e a Cape Verde Development, com um investimento na ordem dos 750 milhões de euros a 10 anos e criação de 3.000 postos de trabalho directos. O empreendimento ocupará uma área superior a 300 hectares e terá campos de golf, desenhados pelo conhecido Ernie Els, hotéis de nível mundial, marina e outras estruturas de alta qualidade destinadas a atrair o melhor turismo internacional;
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"Salamansa Sands" (São Vicente) do grupo escocês FM Developments, que pretende investir 400 milhões de euros ao longo de 10 anos nas ilhas de São Vicente, Santo Antão, Boavista e Sal. O "Salamansa Sands" ocupará uma área de 560 ha e inclui marina para 200 barcos, centro de desportos náuticos, lojas e restaurantes, um campo de golfe de 18 buracos, piscina oceânica, resort de cinco estrelas com cerca de 1.300 "villas", Spa, hotel-boutique......
Já anteriormente o mote tinha sido dado pelo empreendimento inglês “Sambala Village”, em fase adiantada de construção.
Para o futuro posicionam-se novos projectos como o “Murdeira Beach Resort” e “Calheta Bay Resort”, da Editur e Cape Verde Development, o "Sal Country Club" e o “White Sands”, todos na ilha do Sal, o “Cesária Jewel of Atlantic Resort”, do Profile Group (Dubai), a iniciar já em 2007, e o "Flamengo Resort", estes na ilha de São Vicente, e outros de menor projecção mediática.
Destaca-se ainda a recente Convenção de Estabelecimento assinada entre o Estado caboverdeano e o empresário chinês David Chow -cônsul honorário de Cabo Verde em Macau-, que lhe possibilitará a construção do complexo de Santa Maria que inclui um casino e um pequeno hotel de luxo no ilhéu de Santa Maria, na baía da Cidade da Praia. Esta iniciativa deverá ser acompanhada, numa segunda fase, de um grande hotel na Gamboa e outros empreendimentos que justificam o anunciado investimento total de 100 milhões de dólares nos próximos dois anos que poderão estender-se até aos 300 milhões em 10 anos.
Se é bem verdade que os prometidos biliões que estes investimento representam poderão catapultar o crescimento económico para o patamar dos dois dígitos em 2010 -oscilando actualmente entre os 5 e 6% e podendo aproximar-se dos 7% em 2007/2008-, suportado não só pelos investimentos no Turismo mas também no expectável efeito transversal que este terá em outras áreas da economia como os Serviços Conexos -principalmente transportes, distribuição e algumas áreas tecnológicas- e Alimentares -nas vertentes agrícola e industrial-, a dúvida está em saber como suportará, um país tão frágil nos seus equilíbrios, a pressão em aspectos económicos -nomeadamente infraestruturas de água, energia e transportes-, populacionais -ao suprir a insuficiente mão-de-obra local com imigração, nomeadamente de África e China- e ambientais.
No entanto, e registe-se, é de referir o mérito da iniciativa local que identificando parcerias externas, procurando capital e tecnologia, e contando com um Governo colaborante tem sido capaz de atrair interessantes projectos e cobertura mediática que elevou Cabo Verde a um dos principais destinos turísticos para os próximos 15 anos. Pelo menos assim se espera.
Mas pergunta-se, porquê Cabo Verde? A verdade é que a saturação de outros destinos imobiliário-turísticos como Portugal, Espanha ou Caraíbas e taxas de valorização insuficientes de apenas 5 a 8,5% criaram pressões adicionais para a descoberta de novas ofertas, capazes de gerar mais valor, com boas frentes de mar, praias ainda intocadas, clima ameno, muito sol e fácil acessibilidade. O baixo custo da mão-de-obra compensa largamente o agravado preço de construção devido à insularidade e insuficiências nos sistemas de distribuição -portos marítimos sem capacidade de resposta adequada- permitindo preços finais consideravelmente mais baixo. E ainda uma total paz social. Cabo Verde enquadra-se perfeitamente neste perfil a apenas 4 ou 5 horas dos principais mercados emissores de turistas e compradores de segundas residências como são os ingleses e irlandeses. A par destes também os nórdicos começam a descoberta deste arquipélago juntando-se aos já “habitués” italianos, portugueses, alemães, franceses e mais recentemente espanhóis. Para todos eles, poder disfrutar do sol sempre que o desejarem, a par dos luxos e mordomias que os novos empreendimentos caboverdeanos prometem......
..........vale bem um olhar atento a este novo destino turístico que se espera venha a confirmar a sua vocação. A projecção, a nível mundial, de um turismo de alta qualidade.
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