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Cabo Verde desperta interesse internacional - 11-05-2007


Três décadas após a independência, Cabo Verde prepara-se para deixar o grupo dos Países Menos Avançados (PMA) e aderir, em 2008, ao dos Países de Desenvolvimento Médio (PDM). A transição confirma um desenvolvimento que se tem vindo a fazer sentir nos últimos anos e para o qual não é alheio o interesse dos investidores internacionais, particularmente nos sectores imobiliário e turístico.

imgO arranque da Bolsa de Valores (clique para aceder ao site), a par da reforma financeira do país criada a pensar no desenvolvimento do mercado de capitais deram um enorme contributo ao nascimento de uma nova era de Cabo Verde. Apoiando-se nas normas da OCDE, esta reforma centrou-se em quatro acções base, de acordo com informacões fornecidas pela delegação do ICEP neste país: "Criação de mecanismos de investimento colectivo, como fundos de investimento e fundos de reforma; promoção do leasing e do factoring corno forma de apoio às PME sem aumentar o passivo; adaptação legal às normas internacionais tendo em vista favorecer a transformação de Cabo Verde em centro financeiro internacional, ou seja a, implementação de bancos offshore; a simplificação da legislação fiscal".

imgDois anos volvidos, o governo cabo-verdiano tem previsto um arrojado programa de privatizações (clique para aceder a notícia relacionada). A ENACOL-Empresa Nacional de Combustíveis (clique para aceder ao site) viu concluído, no passado dia 20 de Abril, o processo da Oferta Pública de Venda das acções do Estado, uma operação que foi um extraordinário sucesso, segundo afirmou na altura o presidente da Bolsa de Valores de Cabo Verde. De salientar que, entre estes últimos se destacam as parcerias estratégicas da Petrogal e da Sonangol, ambas com 32,5% do capital da empresa. Ainda para este ano, estão previstas as privatizações da CABNAVE, os estaleiros de reparação naval situados no Mindelo, a ENAPOR-Empresa Nacional de Administração de Portos, a EMPROFAC, uma empresa de importação e comercialização de medicamentos e equipamentos hospitalares, a INTERBASE (equipamentos de frio), a Sociedade Caboverdiana de Sabões e a TACV-Transportes Aéreos de Cabo Verde. Outras se seguirão, num acumular de processos que abrem perspectivas ao investimento internacional.

Paralelamente, destaca o ICEP, as grandes prioridades do Governo passam pelo desenvolvimento das infraestruturas, como estradas, aeroportos, portos, produção de energia, redes de água e saneamento, energias renováveis, hospitais, escolas, universidades, edifícios públicos, transportes terrestres e marítimos ou o sector das pescas. Muitas áreas onde os eventuais investidores poderão identificar oportunidades.

Com a entrada em funcionamento, prevista até ao final deste ano, dos Aeroportos Internacionais da Boavista e de São Vicente (clique para aceder a página temática), destinados a equilibrar o tráfego dos Aeroporto Amílcar Cabral, no Sal, e o do Aeroporto da Praia, o arquipélago passará a contar com um total de quatro aeroportos internacionais o que, certamente, será um facto dinamizador para o turismo, uma das áreas nobres do investimento internacional em Cabo Verde.

Portugal a perder terreno

Portugal sempre ocupou um lugar cimeiro a nível de investimentos em Cabo Verde (cerca de 220 milhões de euros nos últimos 15 anos, de acordo com o ICEP). Grandes empresas, como a PT, EDP, Águas de Portugal, Galp Energia, Caixa Geral de Depósitos, Banif, Somague, Cimpor, Grupo Pestana, Oásis Atlântico ou Sacramento Campos detêm hoje posições significativas nos seus sectores de actuação. Actualmente, estão em Cabo Verde cerca de 300 empresas de capital português, aproveitando as vantagens que este mercado oferece, como o baixo custo da mão-de-obra, a par das condições razoáveis de educação básica da população, por exemplo.

No entanto, o investimento português começa agora a perder terreno a favor de países como o Reino Unido, Itália e Espanha, que investem cada vez mais, principalmente no sector turístico-imobiliário.

Segundo o Banco de Portugal, em 2004 o desinvestimento de Portugal em Cabo Verde (50 milhões de euros) ultrapassou o investimento (sete milhões de euros) e em 2006 os dois montantes foram bastante aproximados (60 milhões de euros de investimento contra 45 milhões de desinvestimento). As estatísticas locais, cedidas pelo ICEP, elegem Itália como o número um em termos de investimento directo estrangeiro no mercado cabo-verdiano em 2005, com uma quota de 32%, seguida de Espanha com 26%, Portugal com 10%, a Alemanha com 3,8% e outros países com 27,5%. A nível de áreas preferenciais, no ano em análise o grosso do investimento foi para o Turismo (91,8%) seguido da Indústria (5,6%) e de outros sectores (2,6%). A nível de Turismo, Itália lidera a corrida com 25,68% da quota do mercado, seguida de Espanha (19,25%) Portugal (6,84%), Alemanha 2,28% e outros (45,95%). No campo da indústria, a liderança vai para Espanha (60)%, seguida de Portugal (31,95%) e outros (8,1%).

Investimento Directo Estrangeiro será metade do PIB

Este ano, Cabo Verde prevê aprovar de investimento directo estrangeiro (IDE) no valor de 600 milhões de euros, a saber mais de metade do Produto Interno Bruto (PIB) do país, anunciou recentemente Victor Fidalgo Presidente da Cabo Verde Investimentos (clique para aceder a Entrevista). Em declarações à Lusa, este responsável adiantou que o investimento realizado deverá ultrapassar os 180 milhões de euros, quase 20% do PIB, e que até ao final da actual legislatura as previsões apontam para um IDE de 4.400 milhões de euros, com um investimento realizado de 1.500 milhões de euros, estimativas que, apesar de tudo, qualificou de "pessimistas" tendo em conta as expectativas que o interesse demonstrado por diversos países em investir em Cabo Verde já permitiram criar. Um "pessimismo" que não deixa de ser promissor se tivermos em conta que, até 2004, os investimentos em Cabo Verde rondavam os 30 milhões de euros.

Segundo disse ao "Semanário Económico" um técnico de direcção de uma empresa de construção portuguesa sedeada no arquipélago, "actualmente assiste-se a uma enchente em Cabo Verde, quer a nível turístico, quer a nível imobiliário" área em que o país se começa a assumir como mercado de segunda habitação para o Reino Unido e para a Europa do Norte.

No passado mês de Março, durante a conferência "Empreendedorismo e Criação de Novos Negócios - Estimular a Iniciativa e a Inovação em Cabo Verde", que decorreu na cidade da Praia, Octávio Santos, que há dois anos assume o cargo de representante do Icep Portugal em Cabo Verde, afirmava: "Desde que aqui cheguei, não passou uma só semana em que não fosse anunciado um novo investimento, um novo projecto, um concurso público internacional, uma inauguração, o lançamento de uma primeira pedra". Uma visão optimista de que o país está cheio de vontade de continuar a crescer".

Morabeza negativa

Dizem que a palavra não tem tradução. Sente-se. É um estado de espírito. Algo que tem a ver com a essência de Cabo Verde e do que é ser cabo-verdiano, assim como o fado para Portugal e os portugueses. No entanto, não há qualidade que não traga o seu defeito por arrasto.

Octávio Santos, do ICEP, fala em "morabeza negativa" para qualificar "a lentidão de processos e os longos tempos necessários para a realização do que quer que seja" em Cabo Verde, algo que ele considera uma limitação séria à actividade empreendedora. A título de exemplo, o pacote de privatizações previsto pelo governo para este ano inclui várias empresas da lista de 2006 e é muito provável que muitas destas venham a engrossar o processo de 2008, segundo revelou este responsável ao "Semanário Económico".

Mas não é este apenas o único entrave à evolução do país. "Cabo Verde sofre do mesmo problema de toda a insularidade: escassez de recursos", afirma por seu lado um responsável de uma das empresas portuguesas contactadas pelo "Semanário Económico", acrescentando que "praticamente o único recurso do país é o mar, vindo praticamente tudo o resto do exterior" num processo que implica "uma logística pesada que esbarra com uma burocracia ainda mais pesada".

Octávio Santos soma a estes pontos a falta de infraestruturas de base, a insuficiência de fornecimento de energia eléctrica e água potável, a falta de formação de quadros técnicos, a indefinição da situação cadastral da propriedade fundiária que atrasa os projectos imobiliários e assusta investidores, a par da dificuldade de acesso ao crédito e dos elevados juros praticados pela banca comercial.

Não obstante, ambos estes responsáveis mostram-se confiantes no futuro de Cabo Verde. Ainda que a concretização ocorra a médio ou longo prazo de uma coisa ninguém tem dúvidas: Cabo Verde está a viver um momento de oportunidades.

[11-05-2007] [ Inês Queiroz, Semanário Económico ]

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