A economia caboverdeana registou em 2006 um desempenho bastante favorável, embora crescendo a um ritmo mais moderado do que no ano anterior. As estimativas do BANCO DE CABO VERDE (clique para aceder ao site) apontam para um crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de 6,1% (6,4% em 2005) atingindo 105.2 milhões de contos caboverdeanos (954.3 milhões de euros). No conjunto do ano, o crescimento do produto assentou no dinamismo do investimento, tanto público como privado, o que compensa de certa forma o arrefecimento do consumo das famílias e o contributo menos positivo da procura externa líquida para a actividade económica.
O padrão de crescimento da economia, assente na expansão da procura interna traduziu-se, no entanto, num agravamento significativo das contas externas em 2006. Com efeito, apesar das exportações caboverdeanas (clique para aceder a estatísticas do Comércio Externo de Cabo Verde), particularmente de serviços, terem registado um comportamento bastante positivo, o contributo da procura externa líquida para o PIB é negativo, em resultado do aumento significativo das importações, com reflexos no aumento do endividamento do sector privado não financeiro e do sector público.
O fenómeno de integração económica mundial implica, para a generalidade de países, um aumento da concorrência no comércio e na captação de investimento directo estrangeiro. Esta evolução é particularmente significativa no caso caboverdeano dada a forte dependência de recursos externos, particularmente do Investimento Directo Estrangeiro (IDE) que nos últimos anos tem tido um peso relevante no financiamento da economia e na expansão de infraestruturas turísticas. Com efeito, seguindo a mesma tendência dos anos anteriores, o sector de serviços em Cabo Verde, continua a ser o que mais contribui para o crescimento da economia nacional, tendo sido determinante o forte dinamismo da actividade no subsector do turismo. Assim, traduzindo o aumento da procura turística (clique para aceder a página temática: Turismo) por Cabo Verde, bastante superior à média mundial em 2006, as receitas turísticas aumentaram significativamente, ascendendo aos 19,2 milhões de contos caboverdeanos (174,6 milhões de euros), correspondente a 18% do PIB (12 % do PIB em 2005).
As entradas de capital provenientes do exterior e a envolvente externa, no quadro de um regime de paridade fixa, foram determinantes para o crescimento de cerca de 19% da massa monetária. A posição externa favorável e a contenção do financiamento do sector público junto ao sistema bancário permitiram à Autoridade Monetária dar continuidade ao processo de afrouxamento das condições monetárias, reduzindo em Março, para 15%, a taxa do coeficiente de reservas mínimas de caixa, induzindo a descidas adicionais nos custos de intermediação financeira. No entanto a acumulação de pressões inflacionistas, resultante em larga medida das oscilações dos preços dos bens alimentares componente mais volátil do Índice de Preços no Consumidor que é particularmente sensível às condições da oferta, fez aumentar a preocupação com a estabilidade de preços. Adicionalmente, o aumento das taxas de juro de referência, tanto na zona euro como nos EUA, condicionou a condução da política monetária do BANCO DE CABO VERDE (clique para aceder ao site), na medida em que num regime cambial de taxa fixa os objectivos da Autoridade Monetária encontram-se fortemente ancorados na defesa da paridade da taxa de câmbio.
Assim, tendo em conta que compete ao BCV garantir a estabilidade de preços, a estratégia seguida subordinou-se à gestão do diferencial de taxas de juro com o mercado monetário da Zona Euro. Na prática, esta estratégia levou o Banco Central a adoptar uma posição não acomodatícia, com o objectivo de defender a estabilidade de preços e contribuir para a manutenção de um nível adequado de reservas e garantir o cumprimento das metas traçadas no quadro do acordo Policy Support Instrument (PSI), firmado com o Fundo Monetário Internacional.
Em 2006, a actividade bancária registou um comportamento positivo (clique para aceder ao Sistema Financeiro caboverdeano), que se traduziu na melhoria dos indicadores de rendibilidade, de liquidez e de qualidade de crédito, enquanto que os indicadores de solvabilidade apresentaram um ligeiro decréscimo relativamente ao ano anterior continuando, porém, num nível superior às exigências prudenciais do Banco de Cabo Verde. No ano de 2006 manteve-se a tendência de crescimento dos meios e instrumentos de pagamento, bem como do grau de bancarização da economia. As acções do Banco de Cabo Verde continuaram centradas na implementação de um projecto de referência para o sistema de pagamentos, que se consubstancia na automatização do serviço de compensação de cheques e transferências interbancárias, através da implementação de um sistema de telecompensação de cheques e de transferência electrónica a crédito e desenvolvimento de um sistema de gestão de depósitos e liquidação (SGDL), bem como de um conjunto de tarefas afins. No que concerne à banca, as actividades incidiram sobretudo sobre a consolidação das infraestruturas e uma maior cobertura territorial de serviços e produtos, para além da estratégia de expansão e internacionalização dos meios de pagamento electrónicos, com especial relevo para os cartões de pagamento.
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