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ENTREVISTA: Embaixador de Cabo Verde em Portugal - 05-11-2007


Iniciando a sua vida profissional como jornalista, nos anos 70, logo depois da independência, aderiu a uma carreira política e diplomática exercendo o cargo de deputado pelo círculo da Europa e Resto do Mundo e mais tarde, por 2 vezes, por Tarrafal-Santiago. Foi Embaixador de Cabo Verde em França e Ministro da Presidência no Conselho de Ministros. Este é, muito sumariamente, o percurso de Arnaldo Andrade Ramos, actual Embaixador de Cabo Verde em Portugal.


Quais são, em termos gerais, as linhas mestras da acção do Embaixador de Cabo Verde em Portugal?
O exercício de cargos públicos é sempre um cruzamento entre as nossas experiências pessoais e o mandato para a missão pública. Tendo sido estudante e dirigente associativo e emigrante em Portugal, trago comigo uma sensibilidade relativamente aos problemas da comunidade caboverdeana que terá efeitos no exercício das minhas funções. Cabo Verde tem em Portugal uma comunidade total de cerca de 200.000 pessoas, entre os que têm nacionalidade portuguesa, ou outras, e os que estão imigrados, registados ou não. Logo esta é uma forte dimensão das relações entre Portugal e Cabo Verde; a nível económico, cultural e diplomático. Para além disso o facto de ter sido deputado pela Europa e conhecer bem as várias aglomerações em Lisboa, Setúbal e Algarve, e outras que agora surgem, torna o zelo pelos problemas da comunidade um dos eixos principais das minhas preocupações.

Outro vector são as relações institucionais com Portugal. São relações fortíssimas com implicações em toda a vida em Cabo Verde. São relações económicas e comerciais; Portugal é o principal parceiro de Cabo Verde. São relações financeiras; vivemos uma fase muito importante neste capítulo com Portugal financiando grandes infraestruturas essenciais para o desenvolvimento de Cabo Verde, em parcerias público-privado e público-público, envolvendo empresas privadas é certo, de longe mais rápidas e resolvendo os problemas com a celeridade que precisamos.

Quais as mais significativas obras que resultam deste tipo de cooperação?
Desde logo a radial à Cidade da Praia, construída pela MSF-Moniz da Maia, Serra e Fortunato (clique para aceder ao site), uma das grandes obras feitas em Cabo Verde, no valor de 24 milhões de euros, e que será inaugurada muito em breve. Ter-nos-ia demorado 10 anos a realizá-la e foi possível fazê-la em 2 anos num sistema de concessão de crédito em que o Estado português dá garantias desbloqueando os fundos rapidamente. E nesta linha vão acontecer mais obras. Está em vias de conclusão um novo pacote que levará a cooperação financeira Portugal-Cabo Verde a níveis nunca atingidos.

Um terceiro vector é a parceria de Cabo Verde com a União Europeia. Fixámos o objectivo de dar um grande passo durante a Presidência portuguesa conseguindo a luz verde para o processo de negociação. Estamos optimistas e está praticamente assente o calendário.

Fala-se que até Novembro possam ser anunciadas novidades sobre este assunto. Quem têm sido os apoios de Cabo Verde neste processo?
A primeira reunião formal foi em Janeiro, em Lisboa, com Portugal, Cabo Verde e a União Europeia. Nesta primeira reunião estabelecemos o plano de trabalho; passámos a reuniões bilaterais Cabo Verde-União Europeia, na Praia e em Bruxelas, e no mês de Julho definimos um documento. A partir daí desencadeou-se um processo de agendamento. Depois de amanhã, 24 de Outubro, será o colégio dos comissários, de onde emanará uma comunicação oficial sobre a posição da União Europeia. A partir daí teremos uma longa caminhada com a Comissão Europeia e com a União Europeia. Fixar limites para essa caminhada é um exercício pouco interessante. Há que caminhar.

Com o anúncio da parceria especial Cabo Verde-União Europeia qual será a posição de Cabo Verde no seio de África e da cimeira UE-África?
A vantagem competitiva de Cabo Verde é ser um elo de ligação entre estes dois mundos. E fazê-lo bem, cumprindo a vocação das nossas ilhas desde há 5 séculos. Isso ficou claro no processo de negociação.

A cooperação portuguesa, ao longo de anos, teve como face mais visível o apoio à Formação dos Recursos Humanos. Há dois anos a forma de fazer esta cooperação alterou-se um pouco…
Deixe-me fazer justiça. Se há contribuição que Portugal deu a Cabo Verde, e que teve efeitos naquilo que Cabo Verde é hoje, foi na Educação e Formação (clique para aceder a página temática). Não temos recursos naturais conhecidos de modo que os Recursos Humanos formados em e por Portugal são, temos de reconhecer, o que ajudou a transformar o País. Durante um tempo, os que vinham estudar a Portugal eram poucos. Hoje são muitos. Há uma aposta, um marco, que se concretizou este ano, que é a Universidade Pública de Cabo Verde (clique para aceder ao site)que abre com 13 licenciaturas. Nesta capacidade de formar internamente Portugal está a dar-nos uma grande ajuda na formação de formadores, mestrandos, doutoramentos. Podemos até tornar-nos uma referência de formação para a região. De resto é uma região a ganhar algum dinamismo. Falta saber em que áreas de conhecimento poderemos intervir. Por exemplo em matéria de tecnologias.

Apesar desta relação privilegiada com Portugal, hoje, em termos de investimento português no Turismo o panorama não é prometedor…
Estamos desde 2005 num crescendo do investimento português em Cabo Verde. O investimento português está concentrado no sector Financeiro, Comunicações, Energético e Construção. Algum, não muito, no Turismo (clique para aceder a página temática). As empresas portuguesas podem ter mais presença em Cabo Verde colocando muita gente, mercadorias e fluxos financeiros a circular entre Portugal e Cabo Verde. Daí aparecerão mais voos, mais hotéis. As condições de base estão estabelecidas. Existe um clima de confiança. É preciso que ambos os países estimulem o pequeno e médio investimento. Estamos a trabalhar neste sentido.

Desde a independência até ao dias de hoje Cabo Verde fez um percurso notável. O que lhe apraz dizer sobre este “fenómeno”?
Há 30 anos atrás todos os relatórios apontavam para a inviabilidade de Cabo Verde. Sem recursos naturais e com um pequeno mercado, Cabo Verde, aparentemente sem condições, provou que era possível progredir. Iniciativas empresariais impensáveis na altura hoje são viáveis. A situação alterou-se e mesmo este sonho do crescimento a dois dígitos, perseguido por vários governos e atingido em 2006, resolver o crónico desemprego estrutural desde que existimos como história, mostra que a ousadia paga. E o investidor que possua esta mesma ousadia, esta audácia, e decida investir em Cabo Verde sabe que está a investir numa terra onde o povo se bate por aquilo em que acredita.

Nota de última hora: No dia 24 de Outubro, como aliás se mencionara nesta entrevista que poderia acontecer, foi emanada uma comunicação sobre o Estatuto Especial entre Cabo Verde e a União Europeia. Convidado a pronunciar-se sobre o assunto o embaixador de Cabo Verde em Portugal acrescentou:

“É um momento e um passo importante, é verdade, como sublinharam José Sócrates e Durão Barroso, Louis Michel e Javier Solana. É um caso único como todos sublinham e significa a inauguração de um caminho novo, até agora inexistente na história da União, cujo alcance vai muito para além dos termos em que é discutido actualmente. No entanto, temos ainda um caminho para fazer que é aprovação pelo Conselho e pelo Parlamento da União. E sobretudo a "grande caminhada" a fazer nos anos futuros para trilhar a senda da "convergência de políticas, de padrões normativos e técnicos" com a União Europeia, em que assenta a Parceria”.

 
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