Criada no Funchal (Madeira) há 23 anos a EXICTOS (ex-Promosoft Financial) produzia exclusivamente, até há 3 anos atrás, “software para o “core” dos serviços financeiros. A reorientação da sua estratégia alargou a actividade para os serviços relacionados de customização de “software”, consultoria tecnológica, “outsourcing”, formação e implementação de soluções SAP, de CRM e ERP. Com 85% da sua facturação de 22 milhões de Euros gerados no exterior de Portugal a EXICTOS (www.exictos.com) está presente em Angola, Cabo Verde (desde há 17 anos), Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Malta e tem em perspectiva, para os próximos 12 meses, o reforço da sua presença noutros mercados. A empresa quer facturar 25 milhões de Euros em 2012, consolidando em Portugal e nos PALOP, e aceder a outros mercados africanos como Namíbia, Botswana, Malawi, entre outros. O Portal Portugal Cabo Verde entrevistou o Administrador João Cruz.
Qual é a actividade da EXICTOS?
Até há três anos atrás o nosso negócio estava focado no desenvolvimento de uma solução standard de “core banking” que abrange todas as operações de gestão de serviços financeiros. Sobre este conceito temos, neste momento, cerca de 55 clientes que embora em diminuição de importância, por crescimento das outras áreas, representam perto de 70% da facturação da empresa.
Hoje a EXICTOS assume-se como uma organização de serviços na área de tecnologias de informação vertente que pesa 30% na facturação -o objectivo é elevar o peso desta vertente das receitas até aos 50%. Por um lado, mantivemos o desenvolvimento sobre as nossas plataformas tecnológicas parametrizando os “packages” em função das necessidades do cliente por outro lado introduzimos novos serviços como implementações de ERP`s, consultoria na área de processos e negócios, serviços na área da formação e desenvolvimento de “softwares” específicos para os nossos clientes.
Os 55 clientes referidos são todos do sector financeiro?
Neste momento, sobre essa aplicação, são todos bancos mas estamos a diversificar a nossa oferta, não só em termos de serviços mas também em termos de segmentos de mercados. Decidimos abordar outros sectores de actividade, passando por um enfoque mais consistente nas ”Utilities”, Telecomunicações, Indústria, Saúde, Turismo, Distribuição e Administração Pública onde estamos, neste momento, a fazer projectos quer como implementadores SAP, de CRM e ERP numa missão que é suportada pelos valores “Excellence, Expertise, Experience, Exchange e Expansion”.
Entretanto sentiram a necessidade de reorganizar a empresa e mudar a sua denominação…
A alteração está relacionada com esta evolução de conceito. Apesar de mantermos a designação de “Promosoft” no nosso produto -o conjunto de soluções que desenvolvemos internamente nas nossas “fábricas” para o sector financeiro- para abordarmos novos mercados, novos sectores com novos produtos e novos serviços, entendeu-se que o “rebranding” era importante para a que a imagem coincidisse com este novo posicionamento e daí surge o conceito “Excellence in Consulting, Technology, Outsourcing and Software” do qual deriva o nome. Esta mudança tem a ver com aquilo que nós, de facto, queremos fazer e onde nos queremos posicionar.
Para além da abordagem a novos sectores e novos mercados que outros tipos de soluções estão a preparar?
Temos soluções desde CRM, soluções de ERP, desenvolvimento de projectos na área de “I&T alignment” -alinhamento da tecnologia com o negócio-, soluções de “e-learning”, formação, não só nas áreas de tecnologias que desenvolvemos mas que vão desde programas na área comportamental e de processos internos das próprias empresas; desenhamos também processos de formação específicos para clientes -por exemplo quando um banco abre um novo balcão é com programas nossos que fazem a formação de quadros.
São todas soluções próprias?
Temos algumas soluções de parceiros e certificamos e formamos consultores nossos naquelas componentes onde não temos produtos desenvolvidos.
Em matéria de novos mercados Angola é aquele que as empresas portuguesas mais procuram. Mas estão também em Cabo Verde, a vossa internacionalização terá mesmo começado antes em Cabo Verde do que em Angola…
Em rigor, esses, para nós, não são novos mercados. São os nossos mercados tradicionais. Estamos presentes em Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e temos também uma instalação em Malta. O nosso cliente mais antigo é o cliente de Angola; tem cerca de 20 anos. Aliás recebemos o prémio da “Melhor PME Exportadora de Serviços em Portugal”. Da nossa produção perto de 85% é para estes países.
O que estamos a fazer é criar estruturas e competências locais que permitam suportar o negócio e estar próximo dos nossos clientes; de momento é essa a nossa aposta. Onde temos subsidiárias fazemos questão de ter um posicionamento local, com quadros locais; não pelo expatriamento de pessoas. O nosso alvo preferencial de recrutamento são jovens licenciados nos países em questão, ou em Portugal e que queiram regressar; fazêmo-lo essencialmente através das universidades de cada um destes países.
A nova estratégia e imagem segue-se a uma alteração accionista…
Sim, basicamente é uma sociedade de investimentos portuguesa, a “Infogest”, que entrou como parceiro de capital, mas participando activamente na gestão da empresa, com o controle quer do desenvolvimento de negócios, na elaboração da estratégia e, portanto, tem sido para nós uma mais valia porque tem aberto possibilidade de podermos estar nessas áreas. De resto, a reformulação do plano estratégico e consequentemente da imagem e da marca teve fundamentalmente a ver com essa abertura de capital.
Quando é que chegaram a Cabo Verde?
Estamos em Cabo Verde a cerca de 17 anos. Neste momento, em Cabo Verde, temos uma penetração importante. É talvez dos países onde temos maior quota de mercado. Apenas um ou dois bancos locais não trabalham com a nossa solução; praticamente todos os bancos comerciais que estão no mercado trabalham com a nossa solução, incluindo as “I.F.I.-Instituições Financeiras Internacionais". Portanto, é um mercado com uma forte aposta da nossa parte. Estamos muito bem no sector financeiro mas não temos rigorosamente nada fora deste sector. Agora a nossa aposta é tentar expandir para outras áreas.
Quem são os vossos concorrentes, pelo menos em Cabo Verde?
Para ser franco, nós somos a única empresa portuguesa que tem uma solução deste tipo. Obviamente que temos concorrência de alguns “players” internacionais, mas no mercado caboverdeano não sentimos essa concorrência. Temos consciência que seremos um alvo e estamos atentos criando melhores relações de proximidade com os clientes e formas de integração das nossas soluções e serviços com os seus objectivos.
Em Cabo Verde já prestavam serviços mas só há pouco tempo se instalaram fisicamente…
Como uma empresa de direito local, sim. Em Junho inaugurámos as instalações e estamos neste momento em processo de recrutamento de pessoas; alguns já entraram e vão estar em Portugal durante 3/4 meses em formação. A formação nestes produtos requer muito acompanhamento, pelo que teremos, numa fase inicial, alguns dos nossos consultores mais séniores a apoiar a equipa local para transmissão de conhecimentos e de modelos de abordagem aos cliente mas o nosso objectivo é que a estrutura local possa autonomamente acompanhar os processos de implementação.
Quantos trabalhadores é que deverão ter em Cabo Verde?
Neste momento temos 3/4 pessoas. Penso que nos próximos tempos devemos ter mais 5 ou 6 pessoas. Obviamente que a evolução dependerá da aceitação que o mercado mostrar relativamente aos serviços que disponibilizamos. Se de facto, como é nossa intenção, conseguirmos penetrar noutros sectores de actividade a equipa vai crescer, mas temos a consciência de que não é fácil. O mercado não é de grande dimensão e irá merecer o interesse de outras empresas portuguesas e essa é uma das razões do esforço de instalação que estamos a fazer.
Qual o tipo de habilitações exigido para os candidatos?
Normalmente são jovens licenciados, porque o processo de consultoria e implementação de projectos deste tipo requer alguns conhecimentos não só de natureza tecnológica mas também do conteúdo das operações dos clientes.
E não são especificamente na área de engenharia informática?
Não. Temos a “fábrica” de desenvolvimento central dos nossos produtos no Funchal. Obviamente será mais fácil para estes integrarem-se mas recrutamos desde economistas, engenheiro, advogados… que por um lado possam suportar algum desenvolvimento mas essencialmente que possam trazer o “apport” das funções nos sectores onde nós actuamos e apoiar os nossos clientes na implementação das nossas soluções integradas com os seus negócios e processos.
Sabendo-se que existe alguma apetência e talento dos jovens caboverdeanos para as áreas tecnológicas haverá, eventualmente, a expectativa de exportar serviços a partir da base caboverdeana?
Cabo Verde é talvez dos países onde estamos que conseguimos encontrar pessoas com uma formação e com um nível de conhecimento que facilita muito o nosso projecto. De facto, temos como hipótese a criação de alguns núcleos de desenvolvimento que possam servir de base para integrar as nossas soluções noutros países.
Em termos de negócio quanto representa Cabo Verde para a EXICTOS?
Cabo Verde deve representar cerca de 15% a 20%.
Quando chegamos a Cabo Verde foi em conjunto com a Caixa Geral de Depósitos no Banco Comercial do Atlântico. Só depois começamos a trabalhar com todos os outros bancos que hoje são os nossos clientes (Caixa Económica de Cabo Verde, Banco Interatlântico, Banco Caboverdiano de Negócios, o BAI-Banco Africano de Investimentos tem algumas soluções nossas, o Novobanco, a Caixa de Crédito Agrícola e outros. Em termos gerais, à excepção do BAI, que não utiliza a nossa solução “core”, e do BES CV-Banco Espírito Santo Cabo Verde, todos utilizam as nossas soluções.
|