“Transformar não é apenas alterar algumas coisas. É provocar rupturas, é ir para além do evidente, construir novos paradigmas para que Cabo Verde possa crescer e desenvolver-se. Obstáculos, dificuldades, existirão concerteza mas com determinação e vontade saberemos ultrapassá-los", Dr. José Maria Neves, Primeiro-Ministro de Cabo Verde 2013.02.05

Aproveitando a visita a Lisboa de Sua Excelência o Primeiro-Ministro de Cabo Verde, a Câmara de Comércio Portugal Cabo Verde organizou, no passado dia 05Fev, um encontro para os seus Associados e potenciais investidores que a têm procurado para informações de negócios sobre o arquipélago. Das motivadoras palavras de Sua Excelência surge um claro apelo ao investimento elencando-se diversas oportunidades sobretudo geradoras de efectivo desenvolvimento nacional.
Vencido o desafio de construção de um Estado, Cabo Verde é reconhecido como uma referência em Africa em termos de democracia, estabilidade, liberdades económicas onde o princípio da legalidade no exercício do poder político se reflecte em eleições livres e transparentes. Não apenas um Estado viabilizado, mas um Estado Democrático. Reconhecendo a exigência que se apresenta a Cabo Verde neste ano de 2013, José Maria Neves realça a confiança nas novas oportunidades que surgirão, fruto dos recursos hoje disponíveis, com a certeza de vir a cumprir todos os Objectivos do Milénio (clique para aceder) em 2015, no horizonte de 2020 ter 100% de penetração de Energias Renováveis e de em 2030 ser um país desenvolvido.
A Agenda de Transformação
Sem recursos tradicionais Cabo Verde tem algumas vantagens comparativas: excelente localização, estabilidade política e social, instituições que funcionam, bom ambiente de negócios, gente instruída, uma cultura vibrante, o que não basta. Necessita de as transformar em vantagens competitivas transformando-se num “Centro Internacional de Prestação de Serviços”. A revalorização do Atlântico nas relações entre os Estados Unidos e a União Europeia e entre o Atlântico Sul e Atlântico Norte relança a posição geoestratégica de Cabo Verde neste contexto “mas é necessários calçar os ténis de véspera para fazer esta corrida”. Para isso a agenda é desenvolver o Turismo, os Transportes Aéreos e Marítimos, as Economias Criativas, as Tecnologias Informacionais, as Finanças, todo o “Cluster do Mar” (Pescas, Indústria, Pesquisa Oceanográfica, Reparação Naval, Transportes Marítimos, Desportos Náuticos, Produção de Água).
Nem só de Turismo…
Para ser um “Centro Internacional de Prestação de Serviços” há-que modernizar a economia estando em curso o mais ambicioso programa de infraestruturação -Portos, Aeroportos, Estradas, Energia, Água e Saneamento, Telecomunicações. Com algumas áreas prioritárias de actuação, sendo a primeira a “Mobilização de Água” para desenvolvimento da empresarialização dos Agro-Negócios (agricultura, pecuária, indústria agro-alimentar) a olhar para o mercado turístico emergente e para o mercado da África Ocidental. Neste momento estão em construção 8 barragens, para além de perfurações, reservatórios, dessalinização e tratamento de águas residuais.
Nas Pescas, é possível aproveitar alguns nichos, não de quantidade mas de espécies de valor e apreciadas no exterior. A indústria de transformação de pescado está a crescer e a conquistar mercado na Europa.
Com abundância de vento, sol e mar, Cabo Verde apontava, até 2020, para uma penetração de 50% de Energias Renováveis mas uma “poule” de empresas, universidades, institutos e centros de investigação alemães sugerem a possibilidade de um “Cabo Verde 100% livre de energias fósseis” até 2020. Num investimento de 3 biliões de Euros!! Como fazê-lo?. “Estamos a trabalhar com a Alemanha, Luxemburgo, Portugal, China na mobilização de empresas e financiamento e na análise de um conjunto de outras externalidades e a sua influência nos diversos sectores. Não só para Cabo Verde mas também para a África Ocidental e outros países africanos que queiram investir fortemente nas energias renováveis. Por isso se instalou em Cabo Verde o Centro Regional da CEDEAO para as Energias Renováveis e Eficiência Energética envolvendo diversas outras vertentes como a Formação, Produção e Manutenção de Equipamentos”.
Numa outra área, nas Tecnologias Informacionais, Cabo Verde está a desenvolver um Parque Tecnológico para micro, pequenas e médias empresas de produção de software para se posicionar como o ”Gateway to Africa”. O NOSI-Núcleo Operacional para a Sociedade de Informação tem já sementes lançadas no domínio da governação electrónica. Com algumas aplicações interessantes, trabalha já com Djibouti, Moçambique, Guiné-Equatorial, Costa do Marfim, Burkina Faso…
Na Economia Criativa perspectivam-se grandes potencialidades com a integração de Cabo Verde nalguns circuitos internacionais, valorizando o património cultural como a música, a dança ou o artesanato. “Planeamos a realização da AME-Atlantic Music Expo, em Abril/Maio, mobilizando países africanos, caribenhos e latino-americanos e posicionando Cabo Verde como um centro internacional de entretenimento”.
Tomando como exemplo, na música, a saudosa Cesária Évora, e no desporto, a excelente prestação da selecção caboverdeana de futebol no CAN-Campeonato Africano das Nações 2013, a "ambição, confiança, alegria, positividade e muito trabalho Cabo Verde pode, à semelhança, ultrapassar todos os limites, construindo novas possibilidades".

Dois grandes constrangimentos sectoriais dificultam o desenvolvimento de Cabo Verde: Transportes Marítimos Inter-ilhas e Energia. O primeiro foi privatizado mas não surgiram armadores capazes de solucionar o problema. “Neste momento o Ministério das Infraestruturas e Economia Marítima tem orientações para envolver o sector privado na criação de uma empresa nacional de navegação. Não surgindo suficiente capacidade privada o Estado está disposto a disponibilizar alguns barcos para o desenvolvimento desta empresa”; o segundo está em gradual resolução com fortes investimentos na racionalização da produção e distribuição de electricidade.
Outro sector identificado é o da Logística para distribuição pelas diferentes ilhas envolvendo o tratamento e embalagem de produtos alimentares para penetrar no mercado turístico. Neste momento “existe já um estudo feito que mostra a sua viabilidade e também neste domínio o Estado está disposto a avançar com parcerias”.
Recentemente actualizado, no pacote de legislação de investimento e benefícios fiscais surge o conceito de CIN-Centro Internacional de Negócios no domínio dos Serviços, do Comércio e da Indústria enquanto plataforma de negócios para a África Ocidental, e em alguns domínios para África, abrindo estradas para o reforço da cooperação económico-empresarial entre Portugal e Cabo Verde, da presença das empresas portuguesas em Cabo Verde criando possibilidades para outras que queiram investir.
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