O governo de Cabo Verde aprovou em Conselho de Ministros, através de Decreto-Lei, a Sociedade de Desenvolvimento Turístico das Ilhas da Boavista e Maio, para fazer face à esperada "explosão" do sector nos próximos anos.
Esta iniciativa do executivo caboverdeano emerge da legislação actual que permite a criação de entidades únicas para a gestão e administração das zonas turísticas do arquipélago de Cabo Verde. As ilhas da Boavista e Maio são consideradas pelos operadores turísticos do arquipélago as que apresentam maior potencial de crescimento e o governo, baseado nos estudos realizados sobre a matéria, espera um investimento total de mil milhões de euros para os próximos 15 a 20 anos. Este montante, "extremamente significativo" para o futuro do país, resulta da soma dos investimentos públicos e privados projectados. "Alguns destes investimentos são cerca de uma dezena de milhares de camas distribuídas por várias unidades hoteleiras, nas infraestruturas de suporte, como o novo Aeroporto Internacional da Boavista, renovação dos portos, unidades de saúde e saneamento básico e ainda na malha rodoviária das duas ilhas".
A Sociedade de Desenvolvimento Turístico (SDT) das ilhas da Boavista e Maio, "essencialmente pública", vai dinamizar parcerias do poder central e do poder local. mas terá também um figurino que permita a entrada de privados para a sua comissão executiva colegial, essa sim, composta essencialmente por privados", acrescentou. Os fortes investimentos esperados para esta área turística, "exigem uma pujante capacidade de planificação, urbanização e infra-estruturação a todos os níveis". As duas ilhas são, nos dias de hoje, as que apresentam os maiores índices de crescimento turístico, nomeadamente através de investimentos italianos e espanhóis, sendo marcadas pela forte apetência para o turismo de mar, com a mais valia que será o novo aeroporto internacional da Boa Vista, deixando as límpidas águas e as extensas praias destas duas ilhas a cerca de três horas e meia da Europa e dos Estados Unidos da América.
Mobilizando um capital inicial de 250.000 contos caboverdeanos (2.27 milhões de euros) divididos pelo Estado de Cabo Verde (51%), Município da Boavista (35%) e do Maio (14%) a sua missão será planear, gerir e administrar as Zonas Turísticas Especiais -Zonas de Desenvolvimento Turístico Integrado (ZDTI) e Zonas de Reserva e Protecção Turística (ZPRT).
A promoção de um Turismo de qualidade para estas duas ilhas, minimizando os custos sócio-ambientais, terá em conta factores intrínsecos da ilha como a população residente e o seu crescimento, a capacidade máxima para alojamentos e as necessidades em abastecimento de água, electricidade e equipamentos sociais.
O projecto, com um horizonte económico de 15 anos, aponta para a criação de 44.600 postos de trabalho (14.300 directos e 30.300 indirectos), na Boavista, e 15.500 (4.300 empregos directos e 11.200 indirectos), no Maio. Tratando-se de uma parceria público-privado os valores de investimento envolvidos poderão atingir 100 milhões de contos caboverdeanos (907 milhões de euros) em ampliação e construção de infraestruturas -aeroportos (de que é já exemplo o Aeroporto Internacional do Rabil-Boavista), estradas, redes de água e saneamento, electricidade, etc.
A visão de um desevolvimento sustentável, que deverá estender-se por um período de 40 a 50 anos, mas capaz de ser válida até finais deste século, obriga a uma extrema preocupação quanto à preservação dos recursos naturais, paisagísticos, ambientais, patrimoniais, históricos e culturais. Com base nestes propósitos foi considerada uma taxa de ocupação muito baixa, 6 quartos por hectare, o que representa uma ocupação média inferior a 15% da área das ZDTI, mas suficiente para a viabilização económica dos investimentos. Estes números significam que dos 6.990 hectares abrangidos, cerca de 85% sejam mantidos livres de ocupação.
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